segunda-feira, 9 de agosto de 2010

EU E MINHA SOBRINHA ÚRSULA

 Numa tarde de um sol brilhante eu e minha sobrinha fomos ao cemitério visitar o túmulo de minha mãe que faleceu no dia 08 de abril de 2007.
Até então, minha sobrinha, com seus 9 anos, aliás fez no dia 08.08, foi ao cemitério só no enterro de sua avó, minha saudosa mãe.
Depois de acendermos as velas e rezar pelas pessoas enterradas no mesmo túmulo, além de minha mãe, resolvemos procurar o sepulcro da Bela Adormecida, Leci Susana Garcia que no final de 1957, a jovem, então com 17 anos, natural de Londrina, Paraná, estava gripada. Um dia, queixou-se de sonolência. E caiu no maior sono de que se tem conhecimento. Ela foi notícia em Londrina, no Brasil e no mundo. Médicos, religiosos e até paranormais tentaram despertá-la de seu sono, sem sucesso.
Foram quase cinco anos dormindo. A primeira parte dessa história terminou no dia 03 outubro de 1962, quando Leci faleceu. Quase 5 anos depois de ter começado a dormir. Primeira parte? Sim. Porque depois começa a história de Leci que leva fiéis ao cemitério. Fiéis que acreditam que ela faça milagres.  Seu túmulo no Cemitério São Pedro é um dos mais visitados de Londrina. Placas de agradecimento e velas se acumulam no local. As pessoas acreditam que Leci atende os pedidos feitos a ela. Do túmulo brota água que dizem ser milagrosa. Há pessoas que passam a mão nessa água e depois passa nos olhos, ou passam as mãos na foto e passam no local dolorido, muitos já pediram graças e foram atendidas. 
Começamos a andar pelos túmulos para ver se encontrávamos a sepultura da mesma. Nisso passamos por um túmulo muito bonito e paramos para ver as fotos, aliás, de uma família linda, quando minha sobrinha falou:
- Nossa tia, que massa! Que túmulo bonito !Que gente família linda, que legal . . .ops. . . desculpe família, foi sem querer.
Achei legal seu comentário ingênuo e espontâneo. De repente, surgiu atrás de uma casinha, creio ser o banheiro, um maltrapilho com cabelos comprimidos, bem enrolados, cheios de nós, parecendo  que nunca haviam sido penteados, suas roupas estavam bem sujas e sua aparência era de um mendigo. Ele olhou para nós duas, abriu a boca, mostrando os dentes bem brancos, ergueu e abriu   os braços e gritou para nos assustar, não por maldade, mas para brincar. Isso em pleno cemitério!
De mãos dadas, corremos na casinha do coveiro, sentamos num banco e pedi para o mesmo nos proteger. Nisso o mendigo para na porta, olha para nós duas e disse:
- Até logo senhoras.
Úrsula se aconchegou mais e disse:  - “ele falou senhora, será que ele me viu como uma velha?”
Depois do coveiro nos acalmar dizendo que ele é da paz e sempre vai no cemitério para usar o banheiro, saímos mais tranquilas, fomos até o túmulo da “Bela Adormecida” e qual não foi meu espanto quando minha sobrinha perguntou:
- Tia é a Branca de Neve que está enterrada aqui?
Então contei a história dessa moça que se tornou milagreira. E minha querida sobrinha ouviu e queria saber mais detalhadamente. Saímos de lá e fomos ao Cruzeiro acender mais velas para meus entes e amigos queridos que se foram, quando ficamos observando uma mulher fazendo “macumba”. Tive que explicar o significado do que ela fazia, quer dizer, o que eu imaginava o que ela estava fazendo.
Continuamos “nosso passeio” e fomos até o túmulo do menino José Osvaldo, também milagreiro. Logo resolvemos procurar o túmulo de alguns parentes de sua mãe, minha cunhada Cidinha. Nisso passou por nós um senhorzinho suado e perguntei se ele trabalhava no cemitério e ele respondeu grosseiramente que não, foi então que percebi que ele estava fazendo Cooper, atravessando o cemitério, que tem entrada por dois lados. Isso foi motivo de gargalhadas entre nós duas. Voltamos para sua casa e fizemos um relatório do que nos aconteceu nesse passeio comicamente macabro e assustador.




Londrina, 19 de Julho de 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário