quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O ABRAÇO

MENINO, foi meu aluno na Pré-escola em 2009, em 2010 foi para a 1ª Série na Escola do Candonga, reprovou e ficou mais um ano na mesma série.
Com a implantação de 9 anos na Educação, MENINO voltou para mim, agora na 2ª série.
Ele é uma criança com grande dificuldade de aprendizado, o que falta é o estímulo familiar. Sua mãe já está no 7º filho e não vai parar por aí, pois seu marido quer que ela complete 12 filhos, como sua mãe.
Recordo-me que na festa de encerramento, quando nossos amigos motoqueiros vieram vestidos de Papai-Noel, ela levou todos os filhos e eu disse para ela:
- Nossa, MÃE, pare de fazer filhos, eu já dei aula para todos eles. Você operou para não ter mais?
- “Ta doida, fessora, acha que vou operá? A vida é assim, eu faço os fios e a senhora insina, uai, tá pensando o quê”.
Quando percebo que MENINO não está entendendo o que é para fazer, chamo-o, peço que sente em minha perna, pois é assim que atendo todos meus alunos. É uma forma de ensinar a afetividade e o faço tranquila, pois eles são crianças de 4 a 6 anos. MENINO tem 7 anos.

Ao sentar, explicando como deverá fazer, abracei-o e perguntei:
-MENINO, sua mãe abraça você forte assim?
Ele me olhou e balançou a cabeça fazendo sinal negativo e falou:
- Minha mãe não me abraça.
Olhei para ele meio sem graça, e expliquei que talvez ela não tenha tempo, pois tem que cuidar do irmão nenê.
MENINO voltou para sua carteira, escrevia e apagava, escrevia de novo e entrava na fila para ser atendido. O bom de Escola Rural é que tem poucos alunos e o atendimento é bem personalizado. Então dá para atender um a um. Chegando à vez do MENINO, percebi que ele sentou e passou o braço por cima de meu ombro. Geralmente os alunos não fazem isto, apenas sentam, prestam atenção no que explico, levantam e vão fazer as atividades. Olhei bem para ele, abracei-o com mais carinho e disse:
- Vai, vai fazer sua tarefinha.
Me recordo que minha coordenadora, em outros tempos, pediu para que eu mudasse meu tratamento para com meus alunos, pois eles estão na escola para aprender e que eu deveria ser mais austera e não muito carinhosa. Apesar dela ter razão, até hoje não consigo trabalhar com alunos sem tocá-los. Ainda mais quando percebo que o aluno tem uma grande carência afetiva e tenho certeza que ele vai desenvolver seu aprendizado com muito mais facilidade porque ele vai ter vontade de retribuir a ternura que transmito a ele.
E falando em carência, MENINO vem para a aula sem mochila. Perguntei se ele não tinha, ele me respondeu que havia rasgado.
Uns anos atrás, meu irmão Percy, havia me dado uma muchilinha da seleção que ele treina (Seleção de Vôlei Infanto-Juvenil do Brasil), usei-a um pouco e resolvi levar para ele. Quando ele perguntou se era mesmo para ele, seus olhos brilharam de alegria.
E lá foi MENINO todo feliz com sua mochilinha na costas, me deixando com os olhos marejados de emoção, por ter conseguido mais uma vez ser útil ao próximo.





7 comentários:

  1. Não sei se fico triste ou fico com raiva. Eu não posso chamar esses pais de ignorantes, pois cada um foi criado de uma maneira. O pai e a mãe do MENINO, acredito, devem levar uma vida árdua, por isso a ideia (retrógrada)de ter bastante filhos, que é para ajudá-los no sustento da casa quando crescerem. E aposto que se tiverem alguma menina, vão criá-la para ter mais um montante de filhos e assim vai indo sucessivamente. Olha, vou deixar um recado para o MENINO que com certeza você já deve ter falado para ele: NÃO DESISTA. ESTUDE, VÁ EM FRENTE E SIGA SEUS SONHOS. DIFICULDADES APARECERÃO, MAS A CADA UMA DELAS TRANSPOSTA, UM SENTIMENTO IMENSO DE ALEGRIA ENCHERÁ SEU CORAÇÃO.
    É isso. Pode continuar abraçando seus alunos porque se todos os professores fossem iguais a você,não teríamos tanta evasão escolar.
    Beijo no seu coração.

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  2. É isto aí Anecy!
    Você é realmente uma mãezona dessas crianças; conheço um pouco dessa realidade que você vivencia diariamente e acredito na sua técnica de ensino.
    Parabéns! Continue assim.
    Abraço forte,
    Jorge Cancella

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  3. Maria Muniz - Paranaguá - PR22 de fevereiro de 2012 às 11:46

    Conhecendo vc como conheço, sei que vc faz as coisas com a maior naturalidade. E é por isso, que vc sempre foi abençoada, por amar de verdade ao próximo,como manda a lei de Deus. Continue agindo conforme seu coração manda. Com certeza Deus está se agradando muito de suas atitudes de carinho e amor para com essas crianças. Bjs de sua amiga.

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  4. vera ...PL

    é isso aí, amiga...

    vc. sim trabalha com amor. bjs.

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  5. Oi Anecy..
    Adorei te conhecer e os teus filhotes de coração, cada dia que abro o teu blog e vejo o teu trabalho te admiro mais..
    Vou voltar com o pessoal do grupo para eles te conhecer, como o mundo seria bem melhor e mais bonito se todos fizessem um pouquinho do muito que vc faz.
    Com carinho..

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  6. Oi Anecy...
    Tenho comentado com diversas pessoas sobre o lindo tabalho que faz cm essas crianças.
    Por favor mande o teu telefone e o e-mail.
    O meu e-mail é- zelindadebona@hotmail.com.
    Bjs para os teus filhotes do coração, princesa de coroa e tudo..
    Com carinho..

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