Quase sempre levo alguma guloseima
para meus alunos, principalmente se vou trabalhar com novas palavras. Depois da
oração da manhã e de verificarmos a data do dia, pedi licença, sai da sala e
voltei com um pacote de pirulito aberto e chupando um. Entrei, dei uma volta na
sala, ergui minha camiseta até a barriga, formando uma “bacia”, coloquei os
pirulitos e olhando para os alunos e perguntei:
- Ué? Tão olhando por quê? Vocês
querem pirulito?
Todos falaram ao mesmo tempo que
queriam e falei:
- Não vou dar, é só meu! Hiiii. . .
heee....
Falando isto, coloquei a mão, em forma
de concha, no ouvido e esperei que eles cantassem: “Que mentira, que lorota
boa, que mentira, que lorota boa”. Aliás, sempre que conto uma mentirinha, é só
colocar a mão na orelha, que eles cantam. Comecei a andar pela sala novamente e
falei:
- Só vou dar para quem não jogar o
pauzinho e o papel no chão.
Ouvi todos dizendo ao mesmo tempo “eu
não”, “eu não vo joga”, então gritei:
- Quem quiser vem pegar...
E sai correndo pela sala de aula, num
ímpeto os alunos começaram a correr para me pegar, e nesta algazarra, correndo
por entre as cadeiras, eles me pegaram, deitei no chão e naquela euforia, a
merendeira entrou na sala e se assustou com o que viu, olhamos para ela e demos
muitas risadas.
Começamos a aula, os alunos nas suas
carteiras, descascavam seus pirulitos, levantavam e iam até o cesto de lixo,
jogavam o papel e voltavam.
Num determinado momento, ao andar pela
sala, para ver se eles estavam copiando o texto corretamente, de repente olhei
para o chão e gritei com todo meu fôlego:
- O que é isto? Oh! My God!
Um aluno, sem olhar falou que achava
que era uma barata, pois sempre que a vejo, meu trauma explode em minha boca.
Então eu falei:
- Não é barata! É um papel do
pirulito. O aluno que jogou o papel no chão vai levantar pegá-lo, jogá-lo no
lixo! Onde já se viu? Não prestaram atenção no que eu havia pedido? Ó que
tristeza!!!!
O aluno sorrateiramente levantou,
pediu desculpas, pegou, jogou no lixo e voltou para sua carteira. E assim,
retornamos aos conteúdos.
Ora, eu acredito que meus colegas de
profissão, também ensinam aos seus alunos que lixo deve ser jogado no lixo, por
isso que nas escolas já existem cestos coloridos para a separação dos lixos.
Percebo que entidades educacionais se
preocupam em levar para as escolas, projetos de proteção ao meio-ambiente, como
a FURB – Universidade Universal de Blumenau (SC) e UFPR LITORAL – Matinhos
(PR); ECOVIA, com o Projeto ECOVIVER, para que os alunos se conscientizem desde
cedo. Atualmente, a preocupação com o
meio ambiente vem se tornando cada vez mais primordial e com apenas alguns
simples atos, pode-se fazer uma grande diferença para o planeta. E que a
educação ambiental é a ferramenta mais importante para esse crescimento
sustentado e deve ser enraizado na rotina escolar e na educação infantil. E,
consequentemente, na maioria dos adultos também.
Só que os candidatos a cargos
políticos não pensam assim, ou não tiveram, enquanto estudantes, contatos com
os ensinamentos de Educação Ambiental, ou se esqueceram. Na minha opinião,
educação se dá pelo meio de exemplos, e infelizmente ao chegar na escola, hoje,
me depara com muitos santinhos ao seu redor, me sinto ofendida, pois os
candidatos, literalmente, jogam por água abaixo, todo esforço que o professor
faz em sala de aula. Como explicar, aos alunos, que os futuros representantes
do Poder Legislativo e Parlamentares agem assim, pensando em si próprio, que na
ânsia de ganhar a eleição, passam por cima de toda ética de cidadania e
respeito ao meio-ambiente.
Eu, se pudesse, inseria no Currículo
Escolar, a disciplina de Civismo, desde as Séries Iniciais até o Ensino Médio,
com uma matéria onde pudéssemos explicar para os alunos o que é ser realmente
um parlamentar, quais suas atitudes e comportamentos que no dia-a-dia
manifestam os cidadãos na defesa de certos valores e práticas assumidas como os
deveres fundamentais para a vida coletiva, visando a preservar a sua harmonia e
melhorar o bem-estar de todos. E nossos candidatos não tem conhecimentos do que
seja Civismo, pois fogem dos conceitos de cidadania e entram na carreira
política apenas com o intuito de conquistar benefícios e status,
desconsiderando que as eleições são, na maioria, feitas nas escolas onde se
ensina que lugar do lixo é no lixo.
Deixo aqui minha revolta por saber que
candidato que joga santinho nas ruas não respeita a cidade que ele quer administrar
por quatro ou oito anos.
Professora Anecy, já coloquei parte de sua publicação no nosso blog:
ResponderExcluirhttp://bibliotecadositio.blogspot.com.br/2012/10/escola-rural-canhembora.html
Lamentável a situação, revoltante, um absurdo que a senhora, os moradores e os alunos tenham que passar por isso. Vou divulgar esse post, porque não é possível que a vida dessas crianças já seja tão privada das estruturas básicas para a educação, como acesso aos esportes, e tantas outros ítens, e ainda tenham o colégio todo emporcalhado desse jeito. Triste, vocês não merecem isso.
Vou divulgar esse post para todos os meus conhecidos nas redes sociais e blogs. Parabéns pela sua aula de cidadania.
ResponderExcluirMinha amiga Anecy. Saiba que esse assunto causou muita polêmica, nas páginas do facebook. Acho isso uma falta de higiene e consideração pela humanidade. Quanto ao amor que vc sente pelos seus aluninhos, isso já não é mais novidade. Vc sempre vivendo por eles. Isso é um gesto de amor e partilha, que com certeza, faz toda a diferença. Bjs
ResponderExcluirConcordo plenamente comvc, se sabem jogar, pq não limpar.?
ResponderExcluirAbsurdo isso, tia. E o pior, em tudo quanto é lugar fazem isso, essa sujeira. E o que acontece com eles? NADA! Placas também sujando a cidade, e mais, atrapalhando os cilistas... tá tudo errado.
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